O plano de internacionalização é o planejamento estratégico, tático e operacional para expandir a rede de franquias para outros países. Sendo assim, se o seu objetivo é explorar novos mercados, é fundamental saber como iniciar as operações de forma consistente.
E a única maneira é investir em muita pesquisa e planejamento.
Saiba que as franquias brasileiras já estão ganhando o mundo e conquistando clientes em países como Estados Unidos, Portugal, Bolívia e Argentina?
De acordo com o último estudo da ABF (Associação Brasileira de Franchising), a internacionalização do setor aumentou 16% em 2022 em relação ao ano anterior.
Diante desse cenário de aceleração do ritmo de expansão internacional, é uma boa ideia incluir outros países no plano de crescimento da rede. concorda?
Para te ajudar a dar os primeiros passos para realizar esse sonho, preparamos este guia sobre como montar um plano de internacionalização e explicamos como funciona o processo na prática.
Acompanhe!
Por que expandir a rede de franquias para o exterior?
Os benefícios são variados para o varejista que expande sua marca para o exterior. Os destaques são a exploração de novos mercados com grande potencial de crescimento e o aumento da escala de produção, fatores que resultam em mais vendas e faturamento.
Além disso, a diversificação da fonte de renda é vantajosa para evitar o impacto da oscilação econômica interna, ou seja, reduzir o risco dos investimentos e da possível baixa demanda sazonal.
Outro aspecto a favor da internacionalização de franquias é a possibilidade de desenvolver produtos mais competitivos com o acesso a novas tecnologias. E essas inovações contribuem para elevar a produtividade, a lucratividade e a eficiência operacional de toda a marca.
Em resumo, os principais benefícios de internacionalizar sua rede de franquias são:
- aumento da escala de produção;
- uso da capacidade ociosa;
- diminuição da dependência das vendas internas;
- melhora dos processos gerenciais e operacionais;
- mais chance de desenvolvimento da equipe;
- fortalecimento da imagem da marca no mercado;
- mais lucratividade.
Quando fazer a internacionalização de franquias?
Por mais que seja um objetivo do varejista, é preciso ter calma para identificar quando fazer a internacionalização de franquias.
O primeiro passo é alcançar a estabilidade e solidificação da marca no Brasil. Somente quando o negócio está bem posicionado no mercado é possível pensar em alçar voos maiores.
Assim, os motivos para entrar em mercados internacionais costumam ser o mercado interno pequeno ou saturado, muitas barreiras de entrada no próprio país ou a identificação de excelentes oportunidades em determinadas regiões.
Um ótimo exemplo é da Oakberry. Seu fundador e CEO, nascido em São Paulo, morava na Califórnia e percebeu uma tendência local de consumo de superalimentos. Então, viu a chance de inserir o açaí nos hábitos de consumo da região. Hoje, a marca está presente em mais de 45 países.
Outros fatores influenciam o momento para investir na expansão internacional:
- apelo internacional pelo formato do negócio ou dos produtos vendidos;
- aumento da prosperidade econômica de determinado país;
- mercado não atendido em certa região;
- existência de vantagem competitiva em relação às marcas internacionais;
- expansão internacional dos concorrentes;
- regulamentações e taxas favoráveis ao crescimento;
- proximidade cultural ou geográfica com o país de destino;
- altos custos operacionais internos;
- ambiente político-econômico interno desfavorável;
- interesse de investidores internacionais.
Para ter uma ideia da quantidade de marcas brasileiras espalhadas pelo mundo, veja a tabela disponibilizada no estudo da ABF (citado acima).
Fonte: ABF
Quais as etapas do processo de internacionalização?
As etapas do processo de internacionalização vão desde a análise da viabilidade de expansão e pesquisa de mercado até a inauguração da primeira loja no país escolhido. Conheça abaixo como funciona.
1 – Avaliação da viabilidade da expansão
O processo começa pela análise da viabilidade financeira da expansão da franquia e dos riscos envolvidos com a internacionalização. Afinal, como está o desempenho da marca nos últimos anos? Existem investidores interessados?
Faça uma análise profunda e entenda se a rede tem:
- estabilidade econômica suficiente para o investimento;
- recursos humanos e conhecimento necessários para desenvolver o negócio;
- capacidade de escalar a produção;
- possibilidade de se destacar da concorrência local.
Leia também: Expansão de franquias: as 6 melhores dicas de como realizar!
2 – Pesquisa de mercado
Se o plano de internacionalização for realmente viável, parta para a próxima fase: pesquise o mercado e defina o país que apresentar a melhor oportunidade de crescimento.
O processo pode envolver apenas um país-alvo ou variadas opções. Porém, seja qual for a estratégia de expansão, é fundamental estudar a demanda local, sua cultura e a capacidade da marca de se adaptar a essa realidade de consumo.
Às vezes, optar por um país vizinho pode ser uma alternativa mais viável para reduzir riscos e manter a semelhança com os hábitos locais.
Entretanto, não pense apenas no país, mas também em regiões específicas, como cidades ou bairros. Nações muito grandes, como os Estados Unidos, têm culturas diferentes em cada estado. Por isso, o ideal é identificar qual oferece mais similaridade com os produtos vendidos.
Sua análise de mercado deve envolver questões como:
- potencial de crescimento do país;
- tamanho de seu mercado consumidor;
- cenário atual do setor de atuação;
- quantidade e força dos concorrentes;
- tendências de consumo;
- cultural local;
- recursos disponíveis;
- leis e regulamentações locais.
3 – Escolha do modelo de expansão
Existem diferentes estratégias de expansão para franquias relacionadas ao processo de internacionalização. Cada método tem leis e regulamentações específicas e, por isso, influencia diretamente a operação no país-alvo.
O plano de internacionalização pode seguir modelos variados, como exportação, licenciamento, master franquias, joint venture e propriedade direta.
Veja vantagens e desvantagens de cada um!
Exportação
O primeiro método para explorar e conhecer mercados internacionais é a exportação.
Vantagens: processo mais simples e com menos risco financeiro.
Desvantagens: pode dar menos lucro que os outros modelos.
Licenciamento da marca
O licenciamento é o processo de conceder legalmente os direitos de uso da marca para terceiros venderem seus produtos.
Vantagens: tem baixo investimento inicial e ajuda a inserir a marca em países com barreiras de entrada e restrições a importações.
Desvantagens: é difícil gerenciar os licenciados, que, no fim do contrato, podem abrir um negócio concorrente. Assim, pode ser menos lucrativo que outras estratégias.
Master franquias
As franquias master permitem que o franqueador tenha diversas unidades da marca, sendo um multifranqueado, ou que venda outras unidades na região sob sua responsabilidade e administração. Todos os processos seguem o padrão operacional da franqueadora.
Vantagens: parceria forte e duradoura, em que todos os envolvidos desejam o sucesso do negócio e sua expansão.
Desvantagens: dificuldade de gestão dos franqueados em longas distâncias.
Saiba mais: Franquia unitária ou master franquia? Como escolher o melhor modelo?
Joint Venture
Joint Venture é a prática de se associar a uma ou mais empresas para exercerem uma nova atividade, sem que as envolvidas percam sua identidade própria. Geralmente, o projeto é desenvolvido por tempo limitado.
Vantagens: risco controlado pela participação da marca na nova organização; união das forças, com troca de experiências e conhecimentos entre negócios de países diferentes.
Desvantagens: o controle se divide entre as organizações e há o risco de o parceiro aprender tecnologias e segredos operacionais e usá-los depois em sua marca.
Propriedade direta
A propriedade direta se refere à administração total de todas as unidades abertas pela rede de franquias em outro país.
Vantagens: controle máximo sobre as operações e chance de lidar diretamente com os clientes locais.
Desvantagens: alto custo inicial e mais necessidade de conhecer o mercado local, o que demanda contatos no país, conhecimento de fornecedores e estratégias específicas de atração de clientes.
O plano de internacionalização pode focar ainda em outros modelos, como a abertura de filiais, centros de produção no exterior e escritórios de representação da marca na região.
4 – Crie um plano de internacionalização da franquia
Em resumo, o plano de internacionalização é o planejamento estratégico, tático e operacional de todo o processo de levar a marca ao exterior.
Esse documento deve abranger todas as etapas, desde a pesquisa de mercado até a concretização do negócio, e incluir:
- objetivos gerais, metas e prazos;
- indicadores de desempenho;
- recursos humanos, materiais e financeiros necessários;
- passo a passo das atividades para a expansão;
- os responsáveis por cada tarefa.
Mais abaixo, explicaremos como montar um plano de internacionalização completo.
5 – Adaptar o negócio à nova realidade
A adaptação do negócio ao mercado externo envolve diversos aspectos. Afinal, a realidade de outro país muda bastante. Mesmo que haja semelhanças culturais, cada região tem suas particularidades, comportamentos individuais e coletivos e forma única de se relacionar com as marcas.
Os fatores adaptáveis são, por exemplo:
- ajustes necessários aos produtos e serviços, seguindo as preferências da população local;
- estratégias de comunicação, marketing e atendimento ao cliente;
- criação de conteúdos no idioma local, como os oferecidos no site, blog, nas campanhas de marketing e nos materiais de venda e treinamento de franqueados;
- tradução de documentos jurídicos, legais, financeiros e comerciais;
- criação de estratégias que mantenham a padronização da marca e tenham flexibilidade para personalizar certos aspectos da cultura local.
Como montar um plano de internacionalização de franquias?
Para que todo o processo seja um sucesso, é necessário se atentar a alguns aspectos primordiais para montar o seu plano de internacionalização de franquias. Veja os principais abaixo.
1 – Defina metas e objetivos
O desenvolvimento do plano começa com a definição do objetivo e das metas, que devem ser claras e realistas, considerando a saúde financeira da marca.
O objetivo varia conforme o modelo de expansão escolhido, mas pode ser “abrir uma ou mais unidades em até 12 meses” ou “tornar-se referência no seu setor na região escolhida”.
2 – Determine seu orçamento
O próximo passo é determinar o orçamento disponível para realizar a expansão e lidar com todos os custos envolvidos, como emissão de documentos e investimento inicial para abrir a nova loja.
Se houver investidores, é importante descrever os valores aplicados para impulsionar o crescimento internacional da rede.
Além disso, lembre-se de listar todos os recursos disponíveis, como os financeiros, humanos e materiais/tecnológicos.
3 – Analise o mercado de consumo do país-alvo
Após toda a pesquisa sobre o mercado de consumo, é hora de passar todos os dados e insights para o planejamento!
Resuma os pontos principais para embasar as mudanças a realizar, como adaptação de produtos e serviços para atender à legislação e aos hábitos locais.
Saiba mais: Planejamento anual no varejo: passo a passo para fazer o da sua loja
4 – Elabore um plano de negócios detalhado
O plano de negócios reúne um conjunto de informações estratégicas para a abertura de uma empresa ou um novo projeto, como o plano de crescimento e internacionalização.
Esse documento aborda desde aspectos básicos até os mais complexos, como planejamento financeiro e orçamentário.
Com foco em garantir a organização do plano da marca, inclui pontos, como:
- sumário executivo: síntese dos dados dos empreendedores, resumo do negócio, setor de atividade, regime tributário, capital social, fontes de recursos, entre outros;
- análise do mercado: para avaliar a viabilidade da expansão, com dados sobre o mercado, tendências, perfil de clientes, fornecedores, concorrência e mais;
- público-alvo: avaliação aprofundada do perfil e das características dos consumidores para entender suas preferências, necessidades e expectativas;
- plano de marketing: organização e planejamento de campanhas, suas etapas e atividades, estratégias, prazos, metas e resultados esperados;
- plano financeiro: criação de um plano operacional e financeiro para entender o que é preciso para internacionalizar a marca, como produção, logística, distribuição, recursos materiais e humanos, infraestrutura da loja e processos;
- plano jurídico: adição de todas as etapas necessárias para abrir uma franquia no país-alvo conforme as legislações específicas.
5 – Revise o plano e faça ajustes
Após organizar todos os aspectos do plano de internacionalização, faça uma revisão detalhada. Converse com outros sócios, empreendedores e até mesmo gestores das equipes para verificar se todos os pontos foram abordados de forma completa.
Lembre-se de criar um plano diferente para cada país, cidade e/ou bairro, afinal, as características mudam conforme a região.
E, se precisar contar com um sistema especializado em gestão de franquias, conheça todos os recursos estratégicos oferecidos pelo F360 Painel, que permite centralizar os dados financeiros de todas as unidades e marcas em uma só plataforma!