Por Luiz Fernando Payoli*
Um dos grandes dilemas dos empresários atualmente é entender o que faz um negócio crescer e ser bem-sucedido. Em um cenário de intensa competitividade e, no caso brasileiro, com incertezas econômicas, descobrir as melhores estratégias é um primeiro passo para conseguir prosperar. No setor de franquias, essa questão é ainda mais importante porque o proprietário de uma unidade já carrega uma marca de sucesso por trás. Muitos investem em tecnologia, outros em marketing, mas o que poucos desconfiam é que é necessário compreender qual é a alma do seu negócio.
Essa foi uma preocupação constante entre todos os participantes do Multi-Unit Franchising Conference, realizado recentemente em Las Vegas, nos Estados Unidos. O evento, um dos maiores do mundo do mercado de franchising, é reconhecido pelas dicas de gestão, investimento e soluções para os multifranqueados, ou seja, aqueles que possuem mais de uma unidade sob sua direção. Neste ano, contudo, os debates giraram em torno dessa “alma” que as franquias precisam ter. Em outras palavras: da necessidade de fazer sentido tanto para o empreendedor que investe quanto para o público-alvo que será impacto com aquele estabelecimento.
Como se vê, não se trata apenas dos propósitos, valores e da missão que toda empresa costuma ter. Esses conceitos já estão cristalizados no ambiente corporativo e as franquias precisam acompanhar as recomendações da rede como um todo. Alma é entendido como aquilo que faz o empresário acordar todos os dias, levantar da cama e encarar animado todos os desafios. É justamente a motivação necessária para que aquela marca específica possa impactar uma comunidade e oferecer produtos e serviços que, na maioria das vezes, são reconhecidos pela qualidade e excelência em outros lugares. Trata-se, sobretudo, do investimento em pessoas ao invés de focar apenas nas máquinas.
Porém, vale ressaltar que as soluções tecnológicas são importantes na estratégia de crescimento das franquias. A utilização correta e eficiente destes recursos automatizam a gestão e os processos internos, permitindo que o empresário encontre os meios necessários para atingir a rentabilidade desejada em seu mercado. A questão é que a tecnologia em si não basta. Do que adianta possuir ferramentas inteligentes se as pessoas que as usam não estão engajadas em prol da organização? É deste match entre tecnologia e alma do negócio que as empresas conseguem melhorar seus resultados.
Aos poucos, o mercado de franquias no Brasil está assimilando essa visão. Apesar do cenário de estagnação econômica, o setor conseguiu ótimos índices de crescimento em 2018. Projeções da Associação Brasileira de Franchising (ABF) estima um aumento de 7% no faturamento em 2018, com 5% a mais de unidades abertas e 8% a mais de empregos gerados. Além disso, os multifranqueados já são uma realidade no país, respondendo por quase um terço (31%) das unidades, sendo que 57% deles adotaram essa medida de forma não projetada, ou seja, conforme foram crescendo.
Os números positivos, contudo, podem ser ainda melhores no futuro. O mercado brasileiro de multifranquias é semelhante ao norte-americano e possui espaço para crescimento nos próximos anos. Evidentemente, ainda há questões que devem ser resolvidas, principalmente a tributária. Hoje, muitos empresários deixam de investir em novas franquias com medo dos impostos a serem pagos. Entretanto, o primeiro passo já foi dado ao compreender que a tecnologia e a motivação das pessoas andam lado a lado rumo ao sucesso de qualquer negócio.
*Luiz Fernando Payoli é sócio do Finanças 360º, empresa especializada em sistema de gestão financeira com conciliação automática de vendas por cartão para o pequeno e médio varejo.