Você sabe qual é o índice de endividamento da sua empresa? Muitos empreendimentos declaram falência em função de uma má gestão do negócio, por desconhecimento de vários processos e controles fundamentais para a saúde financeira.
Nesse cenário, é comum que os empresários façam empréstimos para manter a empresa ativa. Porém a frequência desses empréstimos pode ser sinal de que a saúde financeira da empresa não está tão bem quanto deveria. Assim, livrar-se das dívidas torna-se cada vez mais difícil.
Por isso, neste material, abordaremos o índice de endividamento. Com o objetivo de esclarecer o conceito e como ele deve ser interpretado, e porque ele deve ser uma das prioridades na gestão financeira do empreendimento. Confira!
O que é o índice de endividamento?
Os empréstimos são chamados de ativos de terceiros, pois a verba que vem de fora é aplicada na organização.
O objetivo do empréstimo pode ser para realização de um investimento que possa melhorar o rendimento da empresa em um futuro próximo, como a aquisição de um equipamento novo. Nesse caso, esse endividamento é considerado positivo. No entanto, quando o empréstimo é para reparar dívidas que a empresa tenha contraído, já se torna um problema para a saúde financeira da empresa.
É por meio do índice de endividamento que se sabe exatamente como está a saúde financeira da empresa. A partir desse dado é possível fazer análises e reorganizar o plano financeiro, a fim de melhorar o índice, em caso de resultado negativo.
Como calcular o índice de endividamento?
No cálculo do índice de endividamento aparecem dois indicadores importantes para reavaliar a gestão financeira da empresa: o índice geral de endividamento e a composição do endividamento.
Índice de endividamento geral
O primeiro nos diz quanto do patrimônio total da empresa, ou seja os ativos, estão vinculados ao capital passivo que vem dos empréstimos. Para calcular esse indicador, basta somar os passivos de curto e longo prazo, dividindo-os pelo valor dos ativos e esse resultado multiplica-se por 100.
A título de ilustração, digamos que os ativos da empresa X totalizam R$ 1.000.000 e os passivos, R$ 130.000. O cálculo do EG é 130.000/1.000.000 = 0,13 x 100 = 13. Ou seja, 13% dos ativos da empresa estão comprometidos com os passivos.
O baixo índice é um sinal positivo para a saúde do negócio, quanto menor o dado, melhor para a empresa. Do contrário, se fosse um valor acima dos 50% já se consideraria que a empresa tem uma dívida que compromete mais da metade dos seus ativos, significando dependência financeira da empresa em relação aos passivos.
Com o percentual de EG baixo também se abre a possibilidade da empresa realizar novos empréstimos. Então, se houver necessidade de fazer um empréstimo para investimento, seria um bom momento, pois a dívida atual da empresa não é tão alta.
Composição do endividamento
Já o cálculo da composição do endividamento nos indica o prazo do endividamento. Assim, em quanto tempo ele precisa ser quitado e como isso pode refletir na gestão do negócio. Esse indicador é medido por meio da soma dos passivos de curto e longo prazos e o resultado dessa conta é dividido pelo valor do passivo de curto prazo. Este valor, por sua vez, é multiplicado por 100.
Digamos que a mesma empresa citada anteriormente, do total de 130.000 em passivos, 45.000 sejam de longo prazo e 85.000 de curto prazo. Logo, temos 85.000/130.000 = 0,65 X 100 = 65.
Esse resultado nos mostra que 65% dos passivos da empresa precisam ser quitados em curto prazo. Nesta ilustração, não há um bom resultado e isso pode acarretar em mais empréstimos para quitar a dívida já existente.
Do contrário, se o índice da composição do endividamento apresentasse que os passivos de longo prazo são maiores que os de curto prazo, significaria que a empresa tem um tempo maior para sanar as dívidas. Com o tempo maior há mais possibilidade de quitar esse valor com recursos próprios e de forma planejada.
A relevância do índice para a empresa
Além de mostrar quanto a empresa gasta e a origem dessa verba, o índice é importante por servir como indicador necessário para que conheça o histórico de endividamento da empresa. A partir dele também é possível mapear quanto do empréstimo realizado é para arcar com as despesas empresariais, desde pagamento de funcionários a outras dívidas já adquiridas, ou se foi para investir em algum setor, com expectativa de aumento da renda.
Conhecer o tipo de gasto que se faz com a verba de terceiros é fundamental para avaliar a importância que essa verba tem para a própria empresa e diz também sobre como a empresa conseguiu evoluir no mercado. Se ela está há dez anos em atuação, por exemplo, mas ainda não consegue pagar suas despesas sem o recurso de terceiros, é um demonstrativo de que não há estabilidade financeira suficiente e que a empresa ainda não consegue andar com as próprias pernas.
Dessa forma, cabe, além de reavaliar o planejamento financeiro, reorganizar o próprio planejamento estratégico da empresa, posicionamento e atuação no mercado, estrutura, cultura organizacional, entre outras possibilidades. Com os dados apresentados pelo índice, é possível, por exemplo, remanejar os gastos da empresa ou reduzi-los de modo a alcançar as metas estabelecidas no planejamento sem comprometer a produtividade e entrega dos serviços e produtos da empresa.